segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Porque as empresas estão cheias de pessoas mortas?

Não, esse não é um texto de auto-ajuda, com o objetivo de fazer com que você consiga se motivar, também não tem o objetivo de apontar os problemas de um ou de outro lado (“colaboradores” X empresa). O que penso é que em alguns casos as pessoas se acomodam, no melhor estilo do refrão da música de Dorival Caymmi, Gabriela, “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim”, e fazem isso porque são levadas a crer que esse mundo que as cerca é o mundo perfeito, ou pelo menos o mundo que as limita.

Antes de tudo preciso definir bem algumas coisas: as empresas são a força motriz dos países e das sociedades, são elas que movimentam a economia e fazem a força do capitalismo, ponto. O que quero propor é uma reflexão sobre o aspecto comportamental da coisa, ou seja, mesmo as empresas tendo essa importância, uma das grandes dificuldades de gestão está ligada ao aspecto de pessoas, e as pessoas se encolhem e aceitam passivamente o que a empresa propõe, não conseguem ver o seu valor, não conseguem perceber que em troca de uma remuneração elas entregam um capital intelectual que muitas vezes não corresponde à remuneração recebida.

Qual deveria ser o papel das empresas? Trabalhar com perspectivas ao invés de expectativas, parar de empurrar os mortos e começar a estimular os loucos, aqueles que pensam fora da caixa, os criativos, os empreendedores corporativos, começar a promover ao mercado as pessoas que pesam na empresa e agir de acordo com os sonhos que ela definiu na sua visão. Se você empresário tem problemas com pessoas, pense que tipo de empresa você está apresentando ao mercado: caso você não consiga atrair nem reter os melhores, considere a imagem que sua empresa vende e pergunte-se: qual é o tipo de funcionário que eu quero para a minha empresa? E prepare uma empresa para esse tipo definido e não perca tempo com os homens-bomba que você tem na sua empresa; detone eles antes que eles detonem seu negócio. Em um processo de demissão existem duas perguntas a serem respondidas: 1. eu (empresa) fiz tudo para ajudar essa pessoa? 2. Essa pessoa quer ser ajudada? Considere isso e invista na contratação para que você não precise “perder” tempo na demissão.

E você funcionário, colaborador, pense o seguinte: você tem somente uma vida; você realmente faz o que gosta? O seu trabalho é estimulante? Considere alguns fatos: a criatividade deve sempre ser estimulada como um processo de renovação, onde novos desafios sempre devem aparecer. Várias pessoas fingem gostar de estar naquela função de sempre, fingem trabalhar bem, fingem estar felizes, na próxima edição do Oscar estarão concorrendo a alguma estatueta. Estudaram, se capacitaram agarraram as oportunidades que surgiram, como se fossem asúnicas na vida, e planejaram sua vida extra-empresa com um cordão umbilical na empresa. Não concorda? Vide a demanda absurda de pessoas buscando concursos públicos e a “estabilidade do cargo”, como se estabilidade viesse com satisfação e prazer no pacote. Aliás, este tema me preocupa, basicamente pelo discurso disfarçado da falta de emprego que propicia a eterna busca pela segurança, mas fica evidente quando tiramos a mascara social ou estamos no escuro do quarto ai nos deparamos com o medo do desconhecido, como se escolhas fossem imutáveis.

Em algum momento da sua vida profissional os planejamentos pessoais morreram? Então que tal esquecermos esta associação entre seus projetos e seu salário? Devemos buscar qualquer atitude para sair deste ciclo vicioso/patológico; sugiro, inicialmente, cortar o cordão umbilical entre você e sua empresa (você não vai morrer, eu garanto).

Acho que nosso caso ilustra onde queremos chegar; fomos (você vinha falando na primeira pessoa do singular: agora mudou para a primeira do plural; isso não é bom. Escolha um) demitidos duas vezes em 10/15 anos, mas isto foi fundamental para que fizéssemos uma grande faxina, visitarmos potencialidades, pensar onde estar, mudar o rumo, entender que a vida passa rápido demais para desencarnarmos antes... Então o que era para ser ruim virou bom, sem magoas, nem rancores, e entender que tal atitude foi fundamental para o crescimento.

Você pode estar pensando que este texto tem o intuito de te (lhe) perturbar, te (lhe) dizer o que fazer, te (lhe)questionar ou algo assim...Vou esclarecer: É EXATAMENTE ISTO, mude ou morra, aliás você já não estádesencarnado? Quantos potenciais estão adormecidos, quantas empresas têm interesse no que você tem de melhor e não utiliza (e muitas vezes desconhece), pelos pretextos que você mesmo criou?

Deixa eu fazer uma metáfora: pergunte para o Ziraldo, antes de ser conhecido, se ele queria ter um cargo vitalício no TTN? Provavelmente não, mesmo que ganhasse o triplo...Com isto você deve chegar a conclusão de que nem sempre se coloca dinheiro no outro lado da balança antes de uma mudança significativa.

Aí surge um porém: desafio pressupõe que você não está na zona de conforto; mas por outro lado não há nada mais estimulante do que um desafio, aquele projeto que faz com que você fique com sangue nos olhos para entregar, não pelo mérito do resultado, mas pelo prazer de realizar coisas, isso é, que faz com que a nossa vida ganhe cor; seja em que área você estiver, financeiro, compras, vendas, RH, trabalhe por desafios, procure por desafios, e sua motivação permanecerá sempre em alta.

Que tal voltar ao mundo dos vivos? Que tal sentir adrenalina da dúvida de não conhecer a nova função? Que tal não ter o controle? De deixar as coisas acontecerem? Qual seria a sensação de comemorar cada conquista? A vida que criou e sua empresa não te proporcionam desafios?

Tantas perguntas, várias respostas e apenas uma vida.

Guto Uchoa e Leo Filardi

Nenhum comentário:

Postar um comentário