quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Os pais e as escolhas


Esse artigo começará de uma forma diferente, a idéia é utilizar uma estória, dessas que recebemos na internet para pautar um conceito que é muito válido nos dias atuais em que cada vez mais as pessoas estão insatisfeitas no trabalho e na vida pessoal; a idéia aqui é falar de escolhas, e desde que eu recebi esse e-mail com essa estória, procuro me lembrar sempre que a vida que temos é conseqüência das decisões que tomamos. Por isso pense sempre na relação causa e efeito. (olha ela novamente aí).
Lembro-me de uma estória dessas, que circulam pela internet, que diz o seguinte: O Zé era uma cara que qualquer um adoraria conhecer; sempre que passavam por ele cumprimentava-o e perguntavam, “E aí Zé, tudo bem?” E ele com aquela voz vibrante e contagiante, respondia. “Claro! Se melhorar estraga”. Todos os dias essa simples frase me energizava de uma forma que, independente do meu humor, me fazia sempre me sentia melhor. Certa vez, passou uma semana sem que eu encontrasse o Zé, e fiquei intrigado; será que ele se mudou? Procurei o Manoel da padaria onde sabia que ele tomava um café antes do trabalho, e perguntei a ele, “ô Manel, você sabe do Zé”, e para minha surpresa, o Zé tinha sido assaltado e estava entre a vida e a morte no hospital. Na hora parti para saber mais notícias dele, e quando cheguei lá vi o Zé na cama; fui até ele e de repente ele abriu os olhos e sorriu para mim, e eu perguntei, “E aí Zé, tudo bem?” E para minha surpresa ele responde. “Claro! Se melhorar estraga”. Nessa hora falei sem pensar, “ah Zé, impossível, você está entre a vida e a morte, como assim, tudo bem?” E com um ar sublime e uma voz serena, eis que me veio a maior lição da minha vida. “Amigo, realmente estou entre a vida e a morte, mas eu escolhi viver. Em nossas vidas temos sempre duas opções: ou agradecemos todos os dias as vivências, experiências e pessoas que conhecemos, ou reclamamos porque o trânsito é ruim, porque está chovendo. Eu escolhi sempre agradecer.” A partir desse momento minha vida se transformou em um eterno agradecimento.
Acho sinceramente que a historia (ou estória?) simplista acima ilustra bem o que queremos falar. Pode parecer auto-ajuda, pode parecer piegas ou extremo ao extremo, pois falamos de morte, mas acredito que termos uma visão positiva das escolhas que fazemos nos faz crescer a aprender de forma mais rápida; isto mesmo, a influencia do aprendizado faz com que o trajeto seja menos doloroso, que os “jobs recebidos” que você pode achar que não agregam muito, ganhem uma certa importância. Ver alegria embutida no pacote da tristeza é fundamental na vida cotidiana corporativa.
Temos o intuito de deixar uma mensagem neste artigo: Não existem escolhas certas, pois não são nem devem ser definitivas! Elas são circunstanciais para seu aprendizado. O certo e o errado não existem. Outro aspecto relevante que endossa este raciocínio e merece ser destacado, é que você não é juiz, gerente de marketing, vendedor, dentista; você ESTÁ dentista, médico, consultor. Suas escolhas e profissões são tão perecíveis quanto um pacote de feijão e tão mutáveis quanto um camaleão. Ainda bem que é assim: vivemos num mundo assim hoje. As empresas e o mercado sabem disto, e tem buscado cada vez mais profissional com esta multidisciplinaridade. Não acredita? Pergunte às grandes consultorias de recolocação executiva e head-hunters. Existe um aspecto ainda pior ditado pelo mercado educacional; a idade da entrada dos alunos nas faculdades é precoce, diferente dos modelos adotados no exterior.
Um jovem brasileiro de 17 anos em grande parte dos casos não está preparado para escolher a profissão para a “vida toda”; os testes vocacionais indicam vocação, e ponto; as escolhas devem vir com vivência, experiência, frustrações, para serem ainda mais assertivas (e não definitivas). Por conta desta pouca idade, temos um número absurdo de evasões em IES, mudanças de cursos e novas escolhas, bem saudáveis, em nossa opinião. Mas estas escolhas “erradas” têm sido positivas para atitudes tomadas no “tempo certo”; empreendedores, consultores, profissionais liberais, professores e muita gente boa e nova (na faixa entre 30 e 40 anos) estão mudando o rumo profissional, abrindo negócios escolhendo novos caminhos, criando empresas para fornecer e até concorrer com as grandes corporações de que faziam parte, escolhas e caminhos às vezes mais sinuosos, porém mais recheados de felicidade e não menos promissores. 
Acho que os nossos pais têm grande parcela de culpa (não os crucifiquem por isto!), alguns cobrando as “escolhas definitivas” dos filhos que muitas vezes nem sabem com que roupa sairá para a festa de sábado, onde as poucas opções que conhecem são as mesmas que presenciam na própria casa, como se a vida profissional fosse um continuísmo hereditário. Por que não esquecem o que o mercado “exige” e deixam seus filhos tentarem ampliar o leque, conhecerem o mundo, novas culturas, experimentarem a falta de proteção do lar, se frustrar administrando a “grana” apertada, testar profissões, encarar suas escolhas não definitivas. Como? Adiar por alguns meses ou até anos a entrada na faculdade pode ser um começo, estimular um intercâmbio fora do Brasil (ou aqui mesmo), conceder auxilio nos primeiros meses e depois deixar que seus filhos se virem por conta própria, trabalhem ou estudem, enquanto você fica monitorando de longe, mesmo com o coração apertadinho, que eles vivam o mundo real antes de retornar para a proteção do lar. Acho que sentir saudades pode ser um ótimo começo para uma carreira incerta e altamente promissora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário